sábado, dezembro 8

nada como uma mudança para achar palavras escondidas e sentimentos esquecidos

não que eu deixe meus erros me conduzirem,
muito pelo contrário, eu os conduzo.
minha conduta errante é formada dia após dia.
e depois que amou as cores,
passou a amar os meses
e consequentemente os anos.
porque há beleza em tudo,
seus olhos que se negavam a ver.

segunda-feira, novembro 5

a sétima vez que eu te vi

novamente, te vi casada.
e, em meio às minhas dúvidas e incertezas, cheguei a conclusão de que se pelo menos conseguisse te beijar uma única vez, as coisas teriam sido diferentes.
e hoje meu céu seria outro, seria diferente.
e, sendo diferente, seria melhor.
felicidade às custas de tristeza é nauseante.
e como um pode um ser dito bom viver em paz sabendo que sua alegria é fundada em sofrimento?
mas assim é a ordem do mundo: se não puxa o tapete de ninguém, o seu é que será puxado.
e por aí vai...

sexta-feira, setembro 28

por tudo!

Apaixono-me diariamente, constantemente
insistentemente diferente.
Pois tudo é amor
e pode ser também paixão.
E assim, então, estou amando!
Amo as mais variadas maneiras de se apaixonar
É sintonia, é amizade, é música, é flor
e a melodia, dançante, te faz se deixar levar...

quarta-feira, setembro 26

um almoço chuvoso e um pouco de nostalgia


Repassando minha memória
Fico aqui a pensar
Como pode um sorriso tão belo
Deixar a falsidade o estragar?
Como pode um olhar dito tão sincero
A maldade impedir de brilhar?
Talvez tenha sido um mero engano
Que destruiu todos os meus planos
Deixo então que o tempo cure
E que essa maldade, essa falsidade
Meu novo amor não segure
Pois se eu tenho o dom de amar
O que posso fazer por um tratante
É no máximo, com todo o meu amor, perdoar.

terça-feira, setembro 11

como a água

E o que eu achei que nunca ia esquecer
Passou por mim tão despercebido
Que pregou em minha memória uma peça
Sou rio e sou margem
Passo e vejo passar
Sou rio e sorrio

quarta-feira, setembro 5

ha muito voou e me deixou a poesia

Falo agora de uma presença que nunca o foi de fato.
Num abstrato que posso chamar de alucinação,
Veio confundir-me o coração
E bagunçar o pouco que eu já havia arrumado.

Chegou assim, tão perdido
Quanto eu estava, estive e estou
E constituiu o que eu tenho sentido
Ou que senti, ou que sentirei, ou o que nem brotou.

Eu pude até pensar em me deixar levar
Mas os obstáculos vieram me frear
Será que é hora de parar?

Logo vi
Que tudo o senti
De mim foi levado
O rosto rosado
O beijo adocicado
O carinho eternizado

Agora eu fico a pensar
Se esse sentimento de fato existiu
Ou se foi mais uma invenção maluca

Afinal não há nada além deste frio
Que de você não me lembra nada
E o esforço de tentar me machuca
E me faz pensar em atos tardios

Que de fato não me valem nada
Se pelo continente você se foi
E eu fico aqui, estagnada
Pensando no que poderia ter sido
Se você simplesmente tivesse se permitido.

sábado, setembro 1

tudo num vermelho que só!

eu sei que,
as vezes,
o bonito não chega a ser lindo.
mas o amor faz questão em transformá-lo.
e daí tudo se faz belíssimo!
belisco.

terça-feira, agosto 14

sobre o que eu não sei o que é

Me desculpe se sou um pouco evasiva
É que, na verdade, estou sempre atrasada
Meus pensamentos, voando a mil,
Me distanciam e me fazem perder a hora
Acaba que fico sempre na correria

Correria sem fim
Correndo de mim
Desatando meus nós
Procurando nós dois
Achando-nos no depois
Pro agora eu deixo meu eu

E, como sempre constatei,
Te digo agora, repetindo meu antes:
Só sei cuidar do futuro
Porque pro meu presente
Só reservo passos errantes.

a sexta vez que eu te vi

Pesadamente entorpecida, eu apenas implorava uma única chance sabendo que minha ebriedade te impedia de ver sentido em minhas palavras. Mas no fundo eu sabia que se me desse ouvidos descobriria que valeria a pena.

quinta-feira, agosto 9

pólos astrais, tão opostos que me confundem

eu prometo me deixar embriagar e
se você quiser, posso até fazer embriagar
prometo meu eu, se deixar que exista um nosso
mas,
o problema em prometer tanto,
é que meu signo me confunde as palavras
e estas me confundem por dentro.
nunca fui boa com elas.
e se um dia eu te quis,
por uma fração de segundo
- embora que insana -
posso não te querer mais.
então eu quero e não quero
te quero e não me quero.
nos permito e me proíbo
proíbo e permito
proibir e permitir
dicotomia
digo que te comia
mas no fundo, só tragava
ou bebia
ou cheirava
ou amava
ou apaixonava
eu não sei bem qual é a diferença.

e eu nunca descubro!

treze minutos e eu descubro que minha mente apaga tudo o que é importante pra mim
treze minutos e eu descubro que minha mente apaga tudo o que é importante
treze minutos e eu descubro que minha mente mente sobre o que é importante
treze minutos e eu descubro que minha mente pra mim é inexistente
treze minutos e eu descubro.
ou não.

segunda-feira, agosto 6

interrompência

Carência, doença, demência!
O que cura a solidão?
Carinho, abraço, amasso?

Me seguro e me mantenho,
Me perco e me estrago

Um trago, um gole, um cheiro
E fica tudo bem, até que me acordem num bueiro!

E nessa valsa degradante,
Procuro o meu eu de antes
Vai ver está perdido por aí
Onde carinhos e tragos,
goles e abraços,
cheiros e amassos não podem chegar.

terça-feira, julho 24

num era pra ser inverno?

e quando esses ventos me lembram daquele verão,
me preocupo apenas em manter aquela estação
como um lugar onde houve muita lição
e me vejo naquela mesma aflição
com medo de que tudo seja apenas uma recordação.

eu juro que vi uma bolinha prata no seu queixo

recebeu-me com um beijo canábico num fim de tarde fresco e amarelo.
as brisas passavam por aquele barracão nas suas várias maneiras.
quis saber os meus porquês, dos meus o quês e, se pudesse, até dos meus buquês.
me mostrou seu céu marcado a agulha, seu dialeto e até seu afeto.
ensinou-me um pouco da nossa paixão em comum e com isso deixou-me um pedaço seu
e enquanto as luzes laranjas pesavam junto ao branco ambiente,
me mostrou seu lado impermanente.
seus mil destinos, seus mil caminhos
e eu, admirada que estou, fico aqui sonhar
com esse mundo que também quero explorar
mas olha só, mais um gosto para compartilhar!

me explodo em cores

despede aqui, recebe ali.
um entra-e-sai, um vai-e-vem.
parada eu fico, observando o movimento
as vezes tentando decifrar quem é quem.
saudosa ou eufórica, entro nessa dança
e quero, então, desfrutar de toda companhia,
de todo o samba, o pop, o rap
de toda arte, todo amor, todo ardor.
vou me construindo assim
e - que me perdoem a rima -
com tudo isso perto de mim,
transformando o que era uma menina
em algo um pouco diferente
mas que ainda expande, vive, sente.

quarta-feira, julho 18

e se eu bem te conheço, palpito que você sorriu!
as vezes é bom observar, mesmo que de longe, bons exemplos de ótimos amores.
brindo a felicidade, mesmo que alheia - ela contagia!
e já que a onda é de plumas voando, que para você o amor flua! que venha com a brisa e repouse no seu coração como pequenas folhas repousam suavemente em óculos de algum doido correndo na grama verde, verde, verde...

terça-feira, julho 17

e quem disse que a bagunça não pode ser boa?

pudera eu falar sobre todos os amores que vivem aqui dentro.
tem de tudo quanto é jeito! cada um com a sua particularidade, mas todos incondicionais.
e, condicionalmente falando, só me apego a um requisito: a ausência da posse.
os amores são livres, eles voam por ai.
seguem fluindo, numa valsa ou ballet, colorindo a vista.
trazem a experiência, fornecem bagagem aos olhos, constroem bons sentimentos.
e, observando minha tentativa de generalização, consigo apenas desejar que eles não me deixem,
que venham e me transbordem!

terça-feira, julho 10

voz de veludo, vem carinhosamente amansar meu coração.
numa calmaria, num fim de tarde, em coisas boas.

sexta-feira, julho 6

a volta pra casa

sem querer acabo lembrando dos momentos em que a companhia de volta pra casa era sincera e desinteressada.
e por que há tanto interesse num pequeno pedaço de caminho, senão a pura companhia?
o ser humano destrói qualquer esboço de sentimento bom!
e eu não falo de amor carnal, tô me referindo ao amor espiritual, se é que alguém consegue me compreender.

domingo, julho 1


E os nossos amores eternos, quais são?
Afinal, o amor passado interfere nos amores futuros e todos se entrelaçam numa mente confusa.
Acaba que os outros sentimentos perdem seu foco, seu sentido... divaguem por aí.
E qual a finalidade disso tudo? Que valsa incessante e constrangedora. Basta!



(...) O problema é que eu sempre me contradigo!
vamos colorir a mente!
alegria, alegria!

sexta-feira, junho 22

a quinta vez que eu te vi.

Eu já colecionava bitucas de cigarros nos meus cinzeiros.
Do lado de fora daquele bar, só queria ver o mar e não seus novos amigos.
Que nem amigos eram, mas uma alternativa ao seu outro cara que não estava por perto.
Mas não há mar.
E daqueles cinzeiros, eu desejava apenas não precisar.

quarta-feira, junho 20

baguncinha

você chega a outro nível quando descobre que o amor abrange muito mais do que lhe é imposto.
ele está expresso em tudo e é muito mais belo nas coisas mais simples e imperceptíveis num primeiro momento.
o sino dourado pode ser tanta coisa, nós é que escolhemos o quê será.
tá tudo dentro de si.

quinta-feira, junho 14

deixe que vá que as coisas ficam mais bonitas


Minha mente nunca foi tão minha,
Esses cantos nunca foram tão meus,
Esse céu nunca foi tão lindo
Lindo dentro de mim. No meu íntimo.
Essa sensação é boa demais. Eu ainda não identifiquei ao certo e quando chego perto ela foge.
Mas uma ausência nunca foi tão benéfica!

quinta-feira, maio 31

Ah, se você soubesse tudo o que eu quero te contar!
Meses, meses e meses se passaram,
Eu mudei, tu mudaste, nós mudamos.
Tenho nova vida agora,
Novas preocupações, novas alegrias, novas rugas...
Algumas olheiras causadas pela indecisão ou falta de sono, tanto faz.
Tanta mudança, quanta mudança!
Mas minha essência ta aqui.

quinta-feira, maio 17

in memoriam

Descobri um novo horizonte, um novo recanto. Não é tão meu, nem tão sossegado, mas traz paz.
Coisa que o recanto original não oferece mais, não por melancolia, mas por pura ambição.
É o progresso destruindo os bons sentimentos oferecidos pela calmaria.
Calmaria!
Coisa que os donos do dinheiro nunca saberão o que é.
Em mundo predestinado eu não acredito, não!
Essa concepção cíclica de tempo não se encaixa no meu pensamento.
Assim, eu apenas vivo. Apenas sigo. Sacio minhas vontades, evito meus anseios, curo minhas feridas e traço meu rumo.
Aprecio o mundo, sinto sua ordem.
E flutuo! Vou por aí, vou com o vento, deixando o acaso me reger.
Dessa maneira acabo por não entender o que se passa com esses encontros.
Flutuando marco nossos encontros semanais, determinados pela periodicidade da falta, do esquecimento. Essa é a nossa rotina inconsciente!
Que ironia essa tal de predestinação, meu caro! Tenho tantas incertezas e a única que foge à regra é a sua presença, tão desnecessária mas com hora certa para acontecer.
E eu nada faço para evitar. A reinvenção do ontem acontece, mesmo com meus esforços contrários.
E de nada adianta discorrer sobre, a sexta-feira está chegando e é dela que eu tenho medo.

terça-feira, maio 15

nua e crua

Você esconde seu olhar para não se entregar, como se eu não soubesse ler seu sorriso mascarado, sua posição de defesa, suas mãos inseguras e seu coração de pedra.

achados de março no caderno de didática

E, quando eu vejo, tudo já é passado.
Até meu presente mais recente ta no campo da memória.
O tempo vai voando e como um sopro se foi.

sexta-feira, maio 11

Quero mais é que não me reconheças!
Que não ouse me compreender novamente
Deixa eu aqui sorrindo
Bem quieta dividindo

quinta-feira, maio 3

pequeno detalhe no emaranhado de sentimentos

Completa eu já sou.
Assim quero permanecer
E se algo me acontecer,
Que seja pra me transbordar.

sábado, abril 21

Sentimento inventado, criado, implantado.
Quem vive de mentiras fundadas no abstrato?
No fim das contas todos viram sushiman, ou no máximo peixeiros.
Transformando amor em vinho e este em vinagre.
E se é fácil fazer o sentido inverso, de vinagre a amor, é porque não se permitiu por completo.
É porque não jogou conforme as regras exigiam, conforme a música original sugeriu.
Jogamos e empatamos e agora eu que te pergunto:
"Why don't you play the game?"
No olho do furacão as coisas são mais fáceis.
Na emoção do sentimento é tudo mais simples, a razão é que complica.
O problema é quando ela chega, bem sem avisar. Chega e destrói.
E eu é que não vou me despedir do sentimento no cais. Ele que se vá sozinho!
Chegou sozinho, se implantou sozinho, sem minha permissão ou minha vontade e agora vai... sozinho!
E sozinho vai ficar, porque agora não há furacão e as coisas são amenas.
E é o ameno que eu quero, é o ameno que eu tenho e mantenho.
E que seja assim até que tudo se repita.

sexta-feira, abril 20

se é bão ou bom, tanto faz, desde que faça bem!

E no fim das contas, todos têm motivos para não prosseguir nessa jornada.
Mas a vida é muito mais do que isso.
Ela é um conjunto, um amontoado de pessoas, sentimentos, ações e viagens, da qual, segundo me afirmaram, nunca sairemos vivos.
Que a aproveitemos enquanto podemos. Ela não vai esperar.
O mundo taí!
E ele é lindo à nossa maneira.
Ele é o que construímos, o que fazemos dele.
O que aproveitamos, o que vivemos, o que nos permitimos, o que nos transbordamos. E sobre isso ainda quero divagar, com mais calma e mais dedicação.
O que quero que entendam é que não devemos nos deixar levar pelo que não é bom. (E por isso, não entende-se apenas o que é mal... vai bem além!)
O mundo! Você entende o que é o mundo?!
Tente compreender e você estará a um passo das boas viagens, das boas pessoas, dos bons sentimentos e consequentemente das boas ações.
Ele ta aí para ser vivido e apreciado.
E por que desperdiça-lo com o que não nos enobrece?
Permita-se!

quinta-feira, abril 19

Uma sábia pessoa me disse uma vez: "Você sabe que está verdadeiramente apaixonado por uma pessoa quando sente seu cheiro mesmo com ela do outro lado do mundo". Sinto seu cheiro quase sempre...
... Mas meu nariz entupiu e eu não tenho rinosoro, foi mal.

quarta-feira, abril 4

... mas Colombina trocou seu amor por alecrim!

terça-feira, março 27

A Quarta Vez Que Eu Te Vi

Estava frio, mas a ansiedade em te ver deixava essa sensação em segundo plano.
Com as mãos dentro do bolso da jaqueta, encostada num carro, eu esperei.
Mas quando você apareceu, o frio se fez... pra mim, é claro. Pra você e pro seu novo cara, não deveria haver tempo ruim.
Eu, sinceramente, não vi o depois. Pra mim não havia amanhã.
Não, eu não vou junto.
Não, eu não cantarei com você. Tenho algumas feridas e nenhum tempo para outra canção.
Não há nenhum mar. Não há nenhuma beleza.
E se for assim, o que há, senão o nada?
Planejou, planejou, planejou. Mas só ficou no papel.
De papel não vive o homem.
Pensou, pensou, pensou. Mas ficou só na cabeça.
Pensamento não enche o coração.
E assim não deu tempo de construir nada. Os esboços estão naquela caixa ali. Pode levar, moço, por favor.

domingo, março 11

Um copo de café, um par de olheiras e um microondas com relógio digital. Tudo numa pequena cozinha gelada.
Os olhos percorrem, pensativos, do copo ao microondas, da cafeína ao relógio.
Quanto tempo se passou? Quanto tempo se perdeu?
Do café, alguns minutos.
Da vida eu já não sei.
E se não fosse essa perda, nem essa cena existiria. O café é consequência.

terça-feira, fevereiro 21

quartos de hotel, ah... alguém que se perdeu

Era um local pequeno e simples. Uma cama, uma geladeira e uma mesa. Duas cadeiras, uma janela, duas portas, uma que ia pro banheiro e a outra que levava ao fim de tudo aquilo. Era verão mas o quarto estava frio, de temperatura e de sentimento.
Na cama duas pessoas dormiam um sono pesado, carregado de cansaço e pesares.
Separados por alguns centímetros de edredom, haviam dois corações machucados. Ele de costas pra ela, e ela de frente pra ele.
O frio do ar condicionado era fácil de suportar, o grande problema era o frio sentimental. Um colo seria uma boa pedida pra aquecer corpos e corações.
E quieta, na sua mísera metade da cama, uma mulher dormiu, querendo dividir o inteiro ignorado pela outra metade.

quarta-feira, janeiro 25

A Terceira Vez Que Eu Te Vi

Eu havia voltado ha pouco tempo se comparado ao tempo que passei fora. Descobri que a vida na rodovia não era tão atrativa quando as cordas estão paradas e sem música e aquele passeio só me serviu para comprovar minhas experiências.

A cerveja ja estava quente e minhas mãos frias. Eu via seu sorriso apenas pelos seus olhos, o que era uma grande conquista diante da incógnita que você era pra mim desde a primeira vez. Aquelas grandes órbitas ofuscavam a tristeza de um zoológico, ou a minha própria, não me lembro. Só me recordo dos meus questionamentos: por que eu segurei suas mãos? Queria não ter feito isso.

se é válido ou não já são outros quinhentos

Foi aí que eu reconheci um adeus.
Sempre achei que tive muitos em minha vida, mas descobri que possuo mais até-logos do que adeus. Vez ou outra eu experimento os sentidos por uma segunda vez, as vezes até uma terceira.
Dizer adeus é forte demais.
Forte porque implica o nunca e anula o de novo. Extingue qualquer segunda possibilidade.
Eu compreendi que houve uma longa espera, com esperanças de que tudo se ajeite, mas na minha euforia de descobrir o mundo, acabo me esquecendo de que viver não é um ato isolado e que sou responsável pelos sentimentos criados dentro dos outros.
Eu errei.
Eu erro.
Eu vou continuar errando.
Me intitulo como errante antes que me perguntem o nome.
E desses erros tiro meus calos, monto minha armadura.
Dizer adeus é forte demais.
Mas eu não sou fraca.

quarta-feira, janeiro 11

ridículo e particular, mas com um toque de doçura.

E a população se viu em chuvas incessantes naquele fim de tarde.
O garotinho de camisa amarela não vê pesares: para ele a chuva é benéfica!
A moça de vestido se preocupa: a chuva é inimiga de seus cabelos alisados. Ela corre, corre, corre e se enfia em um carro.
O sol aparece timidamente, desejando buenas noches a todos los viajantes. Ah, que sorriso brincalhão!
A luz do Ipiranga se acende e a dos carros também! Maravilha é ver sua professora de história doidona como sei lá quem.
A chuva se acalma e o sol sorri. Sorria pra mim, que ilumina muito mais.
Já eu... já nem sei o que quero.
Não sei quem sou na minha linha do tempo. Confusa estou, perdida ficarei.
Mas é sempre assim... Continuo navegando ao meu ritmo, no meu mar, na minha (in)sanidade.
E é sempre assim.

terça-feira, janeiro 10

Nudez Imaginária

Sem elogios e sem compromisso,
Apenas faça o seu serviço.
São corpos ligados por puro prazer.
Cada um possui sua própria dor!
E de dor o outro corpo não quer saber.

As Aventuras Finais de Tássia

Depois de fotografar e obter bons resultados, Tássia decidiu por encarar seu maior problema, que era o real objetivo por trás dessa viagem. Ela sabia onde encontrá-lo e, num surto de coragem, ligou seu carro e dirigiu. Voltou pela estradinha, entrou pela avenida, passou por uma fábrica antiga que ainda funcionava, virou a direita e lá avistou a portinha.
Que alívio! Esse era o local mais cobiçado por Tássia desde sua juventude, desde quando sua saudade era presente.
Sem mais delongas, se adiantou pela portinha e subiu as escadarias. Era um prédiozinho antigo, quase esquecido, numa avenida movimentada. O apartamento bonito e espaçoso estava vazio, cheio de pequenas lembranças em um canto ou outro. Lá de fora vinha o som das buzinas, dos freios, dos carros de som, mas o interior do apartamento era silencioso e sóbrio, bem diferente do que Tássia se lembrava de algumas décadas atrás. Décadas?
Desceu rapidamente as escadas, com mil imagens na cabeça. Não quis procurar pelo que deveria estar dentro da casa, havia percebido o grande erro que era estar ali. Meses não são como anos, o físico não é como o psicológico e se Tássia estava cansada era porque sua cabeça a fez se cansar. Seus males da velhice vinham junto com seu amargor.
Ao chegar na rua, se viu jovem e disposta e sentiu um medo adolescente. Correu por ruas desconhecidas ou que só vira uma vez e chegou a um ponto final. Já não sabia o que era realidade ou fantasia, sabia que era só uma menina e não devia estar ali, mas seus devaneios a conduziram por tantos e tantos quilômetros.
Sentou e chorou. Sabia que se dormisse acordaria numa cama quente e amável, com o ronco da rotina ao lado e o real presente a sua volta. E por isso ela dormiu, na rua, esperando o momento em que seu pai a pegaria no colo e a perdoasse por crescer e amargar.
Uma pena isso não ter acontecido.