terça-feira, março 27

A Quarta Vez Que Eu Te Vi

Estava frio, mas a ansiedade em te ver deixava essa sensação em segundo plano.
Com as mãos dentro do bolso da jaqueta, encostada num carro, eu esperei.
Mas quando você apareceu, o frio se fez... pra mim, é claro. Pra você e pro seu novo cara, não deveria haver tempo ruim.
Eu, sinceramente, não vi o depois. Pra mim não havia amanhã.
Não, eu não vou junto.
Não, eu não cantarei com você. Tenho algumas feridas e nenhum tempo para outra canção.
Não há nenhum mar. Não há nenhuma beleza.
E se for assim, o que há, senão o nada?
Planejou, planejou, planejou. Mas só ficou no papel.
De papel não vive o homem.
Pensou, pensou, pensou. Mas ficou só na cabeça.
Pensamento não enche o coração.
E assim não deu tempo de construir nada. Os esboços estão naquela caixa ali. Pode levar, moço, por favor.

domingo, março 11

Um copo de café, um par de olheiras e um microondas com relógio digital. Tudo numa pequena cozinha gelada.
Os olhos percorrem, pensativos, do copo ao microondas, da cafeína ao relógio.
Quanto tempo se passou? Quanto tempo se perdeu?
Do café, alguns minutos.
Da vida eu já não sei.
E se não fosse essa perda, nem essa cena existiria. O café é consequência.