domingo, outubro 27

só lhes peço, meus amores,
que não me cobrem pela arte
a poesia vem de longe demais
para contar de sua história,
pelo menos uma parte.

sobre muitas das coisas que ecoam por aqui

daquele desenho que você não entende
posso dizer que diz um pouco de tu
um pouco de mim
um pouco de todos

são as três fases
viemos não sei de onde
indefinidamente permanecemos juntos
e isso não é motivo para desespero
mas em algum ponto, em algum momento
nos vemos ao longe
indeterminadamente longe
e novamente, isso não é motivo de desespero

quando de você eu nada sabia
o seu silêncio me instigou
e me botou para nadar
por entre seus cabelos, seus desenhos
seus barulhos, seus vícios
sua doçura, sua calma

nadei e nada descobri
debaixo da água o silêncio é tão profundo
te afundo num rio só para você saber
mas cuidadosamente te tiro dele
e te acomodo no meu bem-querer

o bem-querer, esse beija-flor que pousa
bate rápido o coração
bate rápido suas asas
e voa!

compreendo nossos vôos
mas queria uma boa lembrança
para pôr no coração
e recordar com carinho
daquela doçura
daquele menino

segunda-feira, outubro 21

um pouquinho daquela loucura toda

deixa a menina solta!
que correndo por aí ela brinca melhor
deixa a menina livre!
que se esbarrando por ai,
seu aprendizado é muito maior

domingo, outubro 13

achados de um passado naquela gaveta esquecida

nesse cubículo posso pensar
nos cigarros baratos,
nos beijos apaixonados
e no sexo desenfreado
me pego sentindo saudade
das conversas amenas
e das horas divertidas,
porque de acidez já me basta minha própria companhia!
o lado direito já acinzentou
me resta o esquerdo, o que dói
o que padece.
e pensando nessa dor,
me dedico a imaginar
se assim como ela,
essa falta também seja fruto de um todo
aquele que me comanda
no fim das contas,
minha única necessidade é minha sanidade
esta, que eu não sei bem tratar
e não sei rimar, ou animar, ou amar
não sei o que sou

sexta-feira, outubro 11

leia com o coração. e despoje-se do conceito limitado de amor

o amor vem em ondas
segue alguns fluxos
e pousa por aí.
as vezes pousa no singular
as vezes, no plural
não existe número pra quem sabe amar!
as vezes, o amor encontra um reflexo
e nele insiste
vive intensamente
até que embarca em novas ondas, novos fluxos
e se esvai, novamente, por aí.
o amor é dança
o amor é arte
e se eu quiser rimar,
posso falar que "sofrer faz parte"
mas e quando nem reflexo existe?
ele sonha, idealiza, devaneia
sobrevive por gestos e olhares
que nem sempre, como me disseram, são suficientemente claros
mas continua nutrido
sofrido
esperando o momento de ser vivido
e nesse ponto, entra minha louca consciência
aquele meu eu, lá no fundo
me mostrando que amores não deixam de ser amores
por não serem vividos
amores sempre serão amores
e eles são livres! (e sobre isso ainda quero divagar)
vêm em ondas, seguem os fluxos
e novamente pousam
mas eu, na minha ínfima posição de amante iniciante,
consegui extrair a dor que aqui habitava
sem rima, sem nexo
sem nem o beijo que eu esperava
mas é que é assim mesmo
com amores ou com poesia:
nem sempre há nexo
nem sempre há rima
nem sempre se dá como desejava
nem sempre acalenta como se precisava
mas se expressou, existiu, emocionou
e, assim, encontrou a validade que eu necessitava.