quarta-feira, setembro 21

sobre o que eu tenho sonhado

O sol tava queimando já, mas o vento gelado confortava. Eu estava sentada no banco de frente à minha sala, toda agasalhada e sozinha, todos estavam na aula enquanto eu alimentava meu novo e demagogo vício: eu pitava um cigarro. É, pra matar a solidão mesmo.
E - como diria meu caro Vinícius - de repente, não mais que de repente, vejo correndo um rapazote, devia ter uns 17 anos. Todo suado naquele clima gelado, veio até mim, parou à minha frente e colocou as mãos no joelho, como que recuperando o ar.
- Você ta bem? - perguntei.
- Calma, to recuperando o fôlego, já te dou o recado! - ele respondeu.
- Ahn?
Ele se ergueu e disse:
- Logo você, deixando o agora pra depois?
Nisso meu professor deu intervalo: toda a galera saindo da sala e o rapazote fugindo de mim.

As Três Bizarrices da Noite, III - Prostituição ou Cerveja

Ainda entretidos com as duas visitas anteriores, os mesmos três jovens continuavam comendo seus mesmos lanches, na mesma lanchonete.
Percebi que a mocinha estava distraída demais com as folhas de alface caindo do pão, mas os dois rapazes ficaram atentos à mesa ao lado. A cena era como que uma fotografia antiga e promíscua deles mesmos: dois homens e uma mulher. Em pouco tempo eles desistiram de pensar dessa maneira.
Os homens foram embora e a mulher sentou numa mesa mais próxima, despertando a atenção da mocinha. Não era necessária nenhuma discrição, a mulher estava completamente fora de si e não perceberia três pares de olhos curiosos devorando seu copo de cerveja.
Sua cabeça ia de cima a baixo, de um lado a outro, sua boca murmurava perdigotos e sua mão esboçava força pra segurar um copo. As vezes acordava e olhava pros lados, mas não se importava com quem olhava.
Infelizmente, eu já estava de saída. Enquanto procurava a chave do carro, vi de longe os jovens pagando a conta. Entrei e estava ligando o carro quando ouvi barulho de vidro quebrando e depois gritos. Olhei pra trás e vi três jovens rindo enquanto uma mulher embriagada pagava um copo quebrado de cerveja, gritando pra quem quiser ouvir que ganhou aquele dinheiro com muito suor.
Ainda consegui ouvir da mocinha, ao fundo: "O mundo tá muito estranho hoje, Jão, muito estranho".

domingo, setembro 11

Ensaio Sobre a Falta de Luz

Nictofobia é a fobia do escuro, o medo do breu. Comum em crianças e mais raro em adultos, seus males começam a partir do pânico nas mentes doentias dos que portam essa fobia. Cientistas dizem que o medo é irracional, pois é um medo do irreal, mas não adianta: um nictofóbico sempre terá um déficit de razão.

sexta-feira, setembro 9

Aula de História Moderna - Agentes de Satã

Se o sufixo -ISMO designa doença e o termo "homossexualismo" é condenado, o que dizer de catolicismo, protestantismo, islamismo, espiritismo e afins?
Eis a questão!
Foi assim que eu percebi o quão amarga me tornei: quando parei pra balancear o doce e o azedo e acabei descobrindo um amargo. Cinza.
E mesmo que me cubram de açucar - ui -, o fundo da língua sente o amargo abafado, disfarçado.
Que nem quando você adoça demais o café, tá doce mas ainda tá amargo.
Ou quando você come uma torta de limão, tá doce, mas ainda tá azedo.
E mesmo que me joguem azul, amarelo, verde e vermelho... tudo fica cinza no final.
Faz isso com guache, ou adoce demais seu café e você entenderá do que estou falando...
Pelo menos no sentido figurado.

segunda-feira, setembro 5

Eu suponho que você saiba a resposta.
Eu imagino que eu saiba a resposta.
Minha certeza tá no futuro
Porque do presente eu não sei cuidar.

sábado, setembro 3

That girl is like a instant confusion
Mrs. Confusion, make a move
Confusion
Confusion
And I don't understand anything