Sentido, tentado, usado.

"Não sai nada. Não que eu não sinta nada, talvez eu só esteja confusa a tal ponto de não conseguir me expressar.
Ou talvez só me fez ver que expressar-se é uma coisa difícil e eu achava que era fácil por simplesmente não sentir.
Não que eu nunca tenha sentido.

É. Mas me expressar usando frases feitas é uma coisa vaga. Eu devia falar por mim.
Não que eu nunca tenha tentado.

E por fim: talvez é uma palavra bonita. Pena que o significado dela seja vago. Prefiro o sim, o não. Uma certeza. Não gosto do talvez.
Não que eu nunca o tenha usado.

Afinal, saiu algo."

Dobrei a folha e virei para o lado. Adormeci.

Estava escuro, mas eu conseguia enxergar o seu rosto.
Estava silencioso e a sua voz soava como música.
Aquelas três palavras chegaram num momento tão inesperado que me fizeram paralisar.
Mas, pensando bem não haveria momento melhor para ouvi-las.
Horas, sorrisos e sofás depois, eu já estava certa de que aquilo não era como eu havia sonhado na véspera. Era melhor. Era verdade.
Estava silencioso, mas aquela musica soava na nossa cabeça.

É contraditório, mas eu não sou a primeira a notar o quão contraditório é o amor.

Eu consegui escrever sobre tudo isso, mas acho que ficou confuso demais. Espero conseguir decifrar tudo em breve.
Contudo, eu sei que é bom, é gostoso e eu estou adorando essa ansiedade.

Dois.

Ela havia desistido, isso já era fato. E como o destino gosta de brincar com os nossos sentimentos, não é? De novo ele interveio, mudando todos os planos e certezas.
O verão ja tinha acabado, trazendo os ventos frios e algumas recordações, essas que têm sido úteis, Ela não quer repetir os mesmos erros, de novo, não. Dessa vez era pra acertar, talvez isso que causasse mais medo, ela estava cansada de errar.
Sentada no vão entre sua cama e seu armário, pensava em mil maneiras de resolver esse impasse. Ela não tinha certeza do que sentia, era um misto, nada definido e a cada pensamento novo, ficava mais irritada em não saber o que fazer.
O maior problema é que Ele se mostrava interessado, mas havia um ser desprezível que o chamava de "amor" pelo menos três vezes a cada minuto, e que exalava um misturado de perfume, cigarro e gloss de morango.
"Mas que merda, até quando isso?"
Ela tinha duas semanas para decidir entre ir para outro país com a sua mãe, ou ficar morando com o pai. A separação não tinha sido dolorosa, seus pais estavam melhor separados, o clima estava amigável até sua mãe decidir mudar. Por que mudar? Estava bom assim, Ela tinha os dois pertinho, não morria de saudades nem de um e nem de outro. Viviam bem assim. Por quê?
Mas questionar não iria adiantar, pior ainda, só faria o tempo passar mais rápido, apenas duas semanas para mudar um destino inteiro. "Talvez seja melhor se eu fosse com a Mãe. Pessoas novas, lugares novos, costumes novos, ares novos... e a língua não é diferente".
Decisão tomada, malas feitas. Dois dias antes da viagem, o telefone toca e alguém do outro lado da linha, pede para ter uma conversa com Ela. Era Ele, e trazia novas notícias.

Cuidado com os anjos

Era uma vez uma princesa que gostava de passar horas ociosas em frente ao seu espelho mágico conversando pelo msn com as suas amigas princesas de outros reinos.
Certo dia, estava ela perdendo mais um dia ensolarado em frente ao espelho, quando um sapo adicionou seu endereço de email à sua lista. Pobrezinho, tão feio! Mas como ela era uma princesa boa, que se preocupava com todos os seres à sua volta, resolveu dar atenção ao pobre sapo.
- Olá, meu caro sapo!
- oii limdaa!1 tudo beim com vcCC?
A princesa assustou-se um pouco, então resolveu perguntar:
- Que nobre senhor passou o meu endereço eletrônico à vossa senhoria?
- um anjoO veioo em meu sonhOO e disse seu msn e pediUu para te add s2
Depois daquele dia, ela nunca mais acreditou que os anjos eram bonzinhos.

um e meio - estado de transição.

Ela tem conseguido dormir ultimamente, mas sempre com aquilo na cabeça.
Aquilo ou Aquele. Na verdade as coisas estão meio confusas ainda, mas nada que o tempo não resolva.

Mas ficou clichê demais.