quinta-feira, novembro 28

agradável à vista e que cativa o espírito

veio sorrateiramente e se instaurou.
não que eu não gostasse de abordagens sorrateiras,
mas o surpreso e desconhecido
sempre causa um pouco de espanto.
espanto que se transforma ao navegar por mim
descobrindo em cada novo poro uma nova mulher do vir-a-ser
e tornando incondicional o que já era amor
amor que expande
abrange novas formas e novas expressões
ressignifica-se por uma nova visão.
e eu, que me descobri faminta por viver,
absorvo cada instante
pra não lamentar o antes
quando essa troca não mais acontecer

dona Berenice pediu licença pra entrar

se tem uma coisa que a vida me mostrou
várias e várias vezes
é que o acaso é o único merecedor da minha confiança

já tentei dançar no meu ritmo
e escrever minha(s) história(s) à minha maneira
mas o acaso sempre veio interferir

acaba que eu me acomodo inquietamente nesse tipo de valsa
curiosa pra saber o que acontece
mas apaixonada pela interrogativa diária:
o que será do hoje?

terça-feira, novembro 12

meu amor, me desculpe
mas nunca fiz uma poesia pra você

no entanto peço que não se assuste
ao ler essa frase rude
grotesca e sincera
acontece que eu não escrevo pra ninguém, além de mim.

esses tempos solitários me ensinaram muita coisa
aprendi a matar os demônios do escuro do meu quarto,
a sentir prazer no isolamento - e por mim mesma também

mas antes de tudo, eles me mostraram meu maior defeito
aprendi por si só
que o egoísmo é meu único companheiro.

matar a solidão tem gosto de beijo recente

o vento da noite veio, finalmente, refrescar
bate na fumaça do cigarro e a dissipa
depois de toda a insanidade
essa sobriedade me complica

respiro com calma depois de tanto tempo
e coloco as ideias no lugar
a música, como sempre, vem confortar
e trazer alguns pensamentos pra organizar

o passado não me incomoda mais
aprendo a lidar com ele a cada dia
a cada novo passado
a cada experiência vivida

o cigarro acaba, mas os pensamentos ainda fluem
queria eu me entender com essa solidão toda
e não depender do tabaco pra matar essa vontade louca
de deixar meu signo me guiar

segunda-feira, novembro 4

o mar, pra quem sabe amar

e se me perguntarem algum dia
sobre esse frio que eu sentia
durante alguns momentos da minha vida
só posso responder, com bastante nostalgia:
"foi um amor que vivi,
dentre tantos que se foram
e que não se alojaram por aqui"

porque nada se aloja
tudo flui