Como já disse, ela estava crescida. Crescidinha.
Vinha com seu carro, correndo por uma rodovia vazia, mascando um chiclé de menta e ouvindo uma música nostálgica, mas que a traduzia. O horizonte recortava o céu com suas serras molhadas pela neblina, mas era uma tarde bonita.
E rodou e rodou e rodou por vários quilômetros, chegando cansada ao destino, procurando apenas um hotel para passar uns dias. Entrou em seu quarto, desfez as malas, tirou o lenço da cabeça e sentou na cama, pensativa. Pensava no motivo para estar ali, pensava na loucura que era ali estar.
Quis traçar objetivos para aproveitar o tempo, quis achar um disfarce para não se entregar como forasteira, quis escrever seu discurso, quis treiná-lo para não vacilar.
Preferiu se entregar ao sono a pensar. Pensamentos a cansaram mais do que a longa viagem.
E de cansaço ela já estava cheia, teve longos meses para se tornar uma velhota cansada crescida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário