sexta-feira, julho 1

As Três Bizarrices da Noite, I - Crack

De longe eu vejo: são três jovens sentados, comendo (ou devorando) seus lanches. Não há conversa, não há risada, o único barulho ouvido é o nhack-nhack de queijos esmigalhados entre pães, ovos e folhas de alface. Carne não se consome nessa cena.
Aos poucos se aproxima um homem. Uh, como fedia! Bermuda surrada, combinada com um cobertor comido por traças e um chinelo havaiana cheio de estilo, pena que tava corroído de tanto usar. Os dentes moles davam o toque final da figura.
- Oi, me dá seu refrigerante?
Depois de uma mastigada longa e reflexiva, o rapazote barbudo, parecido a um comunista, responde:
- Peraí, moço, deixa eu só tomar mais uns golinhos.
O homem espera tranquilamente, verificando qual dos seus dentes estava mais mole, cantarolando canções que existiam apenas no seu consciente psicodélico e atordoado. Não sei qual característica deve ser ressaltada nesse caso. A espera pode ser sido longa, mas seria recompensada. Talvez nem o frio tenha sido um empecilho, seu cobertor era um escudo, barrava frio e dor, inimigos reais ou imaginários.
- Ó, moço, o guaraná!
- Ae! Valeu!
Sai contente, saltitante.
O instrumento já tem, só falta a alegria instantânea principal.

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