segunda-feira, outubro 19

dói
e se eu me encolher
não dói menos

me despi do meu ceticismo
pra tentar amenizar
mas não da muito certo
quando insistem em machucar

mascarei minha angústia
me acostumei com a sua presença
vou pegar essa solidão e dançar
pelo menos pra essa valsa
eu sempre terei um par

a falta, a saudade
o choro escondido
a antiga lealdade
tudo se mistura
nesse não-sei-o-que infinito

preferia mais quando a mistura era a gente
num quarto anormal
naquela cama quente
toque, suor, saliva e pele
e aquela loucura
as vezes densa, as vezes leve

vivo o meu agora de espera
nada melhor pra curar uma angústia
do que novas mazelas
que o vento
vez ou outra
com ou sem demora
sem aviso prévio
joga pela minha janela