sábado, dezembro 25

lembra quando?

Aqueles conselhos que eu ouvia desde pequena começam a fazer sentido.
- Aproveita agora, minha filha, quando você for adulta vai ter tantas responsabilidades - dizia um.
- Sua responsabilidade vai aumentando conforme você for crescendo... curte seus momentos livre de culpa agora - outro completava.
- Vai brincar, vai, depois você cresce e não tem tempo pra isso.
Eu já sou adulta? E por que tudo isso se encaixa perfeitamente?
Não, não existe mais tempo para alegrias, para espontaneidades, tudo deve ser cronometrado, senão os trabalhos não serão entregues, o sono não será suficiente e a comida não ficará pronta.
- Mas, mãe, ser criança é chato demais, não posso fazer nada!
Não, chato é cuidar de si... e sozinho!
- Odeio ser adolescente, não posso nem ir em bar sozinha.
Agora que eu posso não tenho tempo. Ou se tenho, não me sobra o dinheiro, que faz falta pra um vale-bandeijão naquele dia que você tem que ficar o dia todo estudando, porque acumulou.
Um ano nesse ritmo, brincando de ser gente grande, e certos prazeres se vão, acredite. A comida não tem o mesmo gosto, a música não diverte tanto, a bebida nem exalta mais. Certos abraços não confortam, certas saudades nunca são saciadas, certas vontades nunca satisfeitas, por mais que eu tente.
Esse é o caminho pra idade adulta? Se for, to seguindo. E olha que eu nem to na metade.
E depois daquele hardcore animador, que pedia para que esperassem que o melhor viria logo, posso fazer uma paródia cantando "Espere mais, que o pior está por vir".

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