sexta-feira, dezembro 25

Parabéns!

Era uma tarde bonita aos seus olhos, o sol brilhava, o céu estava limpo e o vento gelado cortando o rosto. Ele levou alguns minutos para estacionar o carro e atravessar a rua, o trânsito estava incrívelmente agitado naquela hora.
Entrou no bar, onde o amigo o esperava ha alguns minutos com dois copos de cerveja bem servidos, um deles intocado, à sua espera. O gosto era agradável, confortante e, na medida do possível, o fez sentir-se melhor. Depois do primeiro gole, serviu-se mais uma vez e bebeu, olhando para o nada, com cara de nada, por dentro, o nada.
O outro, impaciente com sua demora, resolve iniciar o tão esperado diálogo:
- E aí, cara, como foi?
- É... eu consegui! - ele responde, o desânimo saindo junto com as palavras fracas.
- Voltaram, então? Eu te dis...
- Não! Eu consegui perdê-la. Consegui. Cadê meu prêmio?! Hein?! - agora as palavras eram fortes e atraíram alguns olhares.
- Eeeei, calma! Não é o fim do mundo, a vida continua!
- Não, você não ta entendendo! De todas foi a que mais me deu liberdade, a que mais respeitou meus limites... e eu consegui perder tudo isso. Eu fui burro o suficiente pra perder.
O amigo ficou quieto, desistiu, não importa o que disesse, ele sempre sentiria a culpa.
E no barulhento silêncio do bar ficaram.
O inconsolável e seu amigo.
O incompetente e seu amigo.
O burro e seu amigo.